Após embargo da China, pecuaristas dos EUA pressionam por veto à carne bovina brasileira

Produtores rurais alegam que Brasil demorou a comunicar casos atípicos do mal da vaca louca a órgãos internacionais.

Após embargo da China, pecuaristas dos EUA pressionam por veto à carne bovina brasileira

Após o embargo imposto pela China à carne bovina do Brasil, pecuaristas americanos estão pressionando o governo a suspender as importações de carne in natura brasileira para os Estados Unidos. A alegação é a mesma usada pelos chineses: a identificação de dois casos do mal da vaca louca no país.

Os casos, porém, são isolados, resultantes de uma mutação genética. Mesmo após o ocorrido, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) manteve o status do Brasil de país “com risco insignificante”  para a doença.

Em carta enviada ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a National Cattlemen's Beef Association (NCBA), associação que reúne os criadores de gado nos EUA, alega que o Brasil demorou mais de oito semanas para comunicar a OIE e que a exigência da organização seria de 24 horas.

 

A NCBA pede que a compra da carne brasileira seja paralisada até que se conduza uma avaliação de risco completa e uma revisão dos processos que o Ministério da Agricultura do Brasil usa para detectar doenças e outras ameaças aos consumidores.

 

Também solicita que órgão governamental americano revise o sistema de laboratórios de diagnóstico veterinário do Brasil. A carta foi enviada ao governo dos EUA na semana passada.

 

 

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Luis Vander, 39 anos, escolhe suas peças e ajuda a organizar a distribuição. Em situação de rua, ele tem habitado as calçadas da Glória Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Luis Vander, 39 anos, escolhe suas peças e ajuda a organizar a distribuição. Em situação de rua, ele tem habitado as calçadas da Glória Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Diante do desemprego e da inflação galopante, pelanca vira esperança de alimento para famílias que buscam com o que matar a fome Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Diante do desemprego e da inflação galopante, pelanca vira esperança de alimento para famílias que buscam com o que matar a fome Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Caminhão de pelanca. Cerca de 19,1 milhões de pessoas vivem quadro de insegurança
alimentar grave. Aumento no número de pessoas que
sofrem com a escassez de alimentos é de 54% se comparado a 2018 Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Caminhão de pelanca. Cerca de 19,1 milhões de pessoas vivem quadro de insegurança alimentar grave. Aumento no número de pessoas que sofrem com a escassez de alimentos é de 54% se comparado a 2018 Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

População seleciona porções do que restou da carne dos mercados Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

População seleciona porções do que restou da carne dos mercados Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Fila da fome. Pessoas em situação de rua disputam restor de carne em caminhão. Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Fila da fome. Pessoas em situação de rua disputam restor de carne em caminhão. Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Mulheres, homens e jovens se amontoam em busca dos restos da carne e dos
ossos. O que antes pediam para cachorros, agora pedem para comer Foto: Domingos Peixoto  / Agência O Globo

Mulheres, homens e jovens se amontoam em busca dos restos da carne e dos ossos. O que antes pediam para cachorros, agora pedem para comer Foto: Domingos Peixoto  / Agência O Globo

No estado do Rio, 12% da
população vivem com renda entre R$ 89 e R$ 178 Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

No estado do Rio, 12% da população vivem com renda entre R$ 89 e R$ 178 Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Vanessa Avelino, 48 anos, também mora nas ruas do Rio e caminha até o ponto de distribuição, onde separa pelanca por pelanca,
osso por osso em busca de
algo melhor para pôr na sacola Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Vanessa Avelino, 48 anos, também mora nas ruas do Rio e caminha até o ponto de distribuição, onde separa pelanca por pelanca, osso por osso em busca de algo melhor para pôr na sacola Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Pesquisa mostra que mais de 116,8 milhões de pessoas vivem hoje sem acesso pleno e permanente a alimentos Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Pesquisa mostra que mais de 116,8 milhões de pessoas vivem hoje sem acesso pleno e permanente a alimentos Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Pobreza extrema que
leva pessoas a garimpar restos
foi acentuada no Brasil durante
a pandemia de Covid-19 Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Pobreza extrema que leva pessoas a garimpar restos foi acentuada no Brasil durante a pandemia de Covid-19 Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

"É hora de manter a carne in natura brasileira fora deste país até que o USDA possa confirmar que o Brasil atende aos mesmos padrões de consumo e segurança alimentar que aplicamos a todos os nossos parceiros comerciais", disse o vice-presidente de assuntos governamentais da NCBA, Ethan Lane.

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Na carta, a NCBA diz que vem expressando, há muito tempo, preocupações sobre o histórico de o Brasil não relatar casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), popularmente conhecido como mal da vaca louca, em tempo hábil, um padrão que remonta a 2012.

"Seu histórico ruim e falta de transparência levantam sérias dúvidas sobre a capacidade do Brasil de produzir gado e carne bovina em um nível de segurança equivalente ao dos produtores americanos. Se eles não puderem cumprir essa barreira, seu produto não terá lugar aqui ", acrescentou Lane.

Perda de US$ 2 bi em vendas

A suspensão das exportações de carne bovina do Brasil para a China foi informada pelo governo brasileiro em 4 de setembro, em cumprimento ao protocolo sanitário com o país asiático, depois que foram identificados dois casos atípicos do mal da vaca louca, um em Belo Horizonte (MG) e o outro em Nova Canaã (MT).

A expectativa do governo brasileiro era que a China retomasse as importações tão logo a origem dos casos fosse esclarecida, o que não aconteceu.

Entidades ligadas ao agronegócio e ao comércio exterior estimam que, se as compras do produto não forem retomadas até dezembro, deixarão de ser vendidos ao país asiático até US$ 2,1 bilhões.

 

 

Via O Globo.