Trabalhadores são resgatados no entorno do DF em situação análoga à escravidão em Nova Glória-GO
![Trabalhadores são resgatados no entorno do DF em situação análoga à escravidão em Nova Glória-GO](https://valleonline.com.br/uploads/images/image_750x_6460dc2ac9769.jpg)
Investigação indicou que os trabalhadores nunca receberam salários, apenas vales de R$ 10 a R$ 50. Patrão dos funcionários foi preso.
Uma operação resgatou oito trabalhadores em condições de trabalho análogas à escravidão em uma fazenda de extração de varas de bambu em Nova Glória, na região central de Goiás. De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho em Goiás (SRTE-GO), o patrão dos funcionários chegou a ser preso.
De acordo com o SRTE, a operação aconteceu entre os dias 8 e 10 de maio e encontrou os trabalhadores em condições subumanas em uma casa na cidade. A investigação indicou que, mesmo os trabalhadores mais antigos nunca receberam salários, apenas vales de R$ 10 a R$ 50.
Trabalhadores vítimas de trabalho análogo à escravidão são resgatados em fazenda de Nova Glória, Goiás — Foto: Divulgação/Superintendência Regional do Trabalho em Goiás.
Os trabalhadores contaram que o patrão descontava despesas como passagens de ônibus, despesas com moradia, aluguel, água, energia, gás e compra de alimentos. Além de ferramentas de trabalho e equipamentos de proteção individual.
Pelas fotos, é possível ver que o alojamento não tinha camas, roupas de cama, armários individuais e nem locais higienizados para fazer as refeições. Os homens que foram resgatados dormiam em redes ou colchões no chão e não tinham instalações sanitárias, segundo o MTE (veja fotos abaixo).
Local onde trabalhadores vítimas de trabalho análogo à escravidão foram resgatados em fazenda de Nova Glória — Foto: Divulgação/Superintendência Regional do Trabalho em Goiás.
A investigação mostrou que os trabalhadores mais antigos estavam na fazenda há pelo menos 10 meses. Os funcionários eram do Pará, Mato Grosso e de cidades goianas e não tinham registro profissional.
A investigação mostrou que os trabalhadores mais antigos estavam na fazenda há pelo menos 10 meses. Os funcionários eram do Pará e de outras cidades goianas e não tinham registro profissional.
Além do trabalho análogo à escravidão, o MTE disse que constatou evidências dos crimes de aliciamento, retenção indevida de salários e trafico de pessoas.
Local onde trabalhadores vítimas de trabalho análogo à escravidão foram resgatados em fazenda de Nova Glória — Foto: Divulgação/Superintendência Regional do Trabalho em Goiás
O patrão
De acordo com o MTE, o patrão tinha um caderno de anotações com despesas que supostamente pertenciam a cada funcionário. Com isso, ele fazia os trabalhadores assinarem notas promissórias das “dívidas” quando eles pediam para sair do serviço.
O patrão foi encaminhado à delegacia de Polícia Federal de Anápolis, a 55 km de Goiânia. Segundo o MTE, ele foi notificado para rescindir os contratos de trabalho dos oito empregados resgatados, fazer os pagamentos de verbas rescisórias e os salários de todo o período de trabalho, além de garantir o retorno deles aos estados de origem.
No entanto, o ministério disse que o patrão se recusou a atender as exigências dos auditores, dizendo que não reconhecia a dívida e que também não tinha condições financeiras.
Por isso, os auditores com verbas da União, compraram as passagens de ônibus e kits de alimentos para os trabalhadores voltarem para casa. Cinco deles foram para São Miguel do Guamá (PA), dois para Anápolis (GO) e um para Barra do Garças (MT).
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Local onde trabalhadores vítimas de trabalho análogo à escravidão foram resgatados em fazenda de Nova Glória — Foto: Divulgação/Superintendência Regional do Trabalho em Goiás
Operação
O resgate dos trabalhadores e a prisão do patrão foram frutos da operação feita por auditores-fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF).
Denúncias sobre trabalho análogo à condição de escravo pode ser feitas pela internet neste link.
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