Donos tentam doar cães que mataram gatos no setor Sul: ‘são agressivos com animais’

Anúncio foi feito em um grupo de Whatsapp. Dona dos cães deve responder na Justiça por omissão no cuidado de animais potencialmente perigosos.

Donos tentam doar cães que mataram gatos no setor Sul: ‘são agressivos com animais’
Donos tentam doar cães que mataram gatos no setor Sul: ‘são agressivos com animais’ (Foto: Reprodução)

Os donos da chow-chow e do vira-lata que andam soltos pelo setor Sul, em Goiânia, atacando pessoas, cães menores e gatos, estão à procura de pessoas dispostas a dar um lar novo aos dois animais. O filho da dona da casa em que os cachorros moram escreveu, em um grupo de Whatsapp, que os cães “são dóceis com outras pessoas, porém agressivos com outros animais”.

A família é acusada, por moradores do bairro, de ser negligente no cuidado e no monitoramento desses cães, que são potencialmente perigosos. Renata Borges, cuidadora independente de gatos que atua na região, afirma que só ela perdeu seis felinos. No total, o número de gatos assassinados, segundo ela, passa de 40. A última vítima foi Catarina, pet da psicóloga Júlia Perillo. Catarina perdeu a vida no dia 9 de outubro (dois dias após ser ferida enquanto passeava com Júlia).

O delegado Fernando Martins, da 1ª Delegacia de Polícia de Goiânia, está investigando o caso e deve oferecer ao poder Judiciário termos circunstanciados de ocorrência (TCO) para que a dona dos cachorros responda por omissão de cautela na guarda ou condução de animais, conduta prevista no artigo 31 da lei de contravenções penais, e por lesão corporal culposa, tipificada pelo artigo 129 do Código Penal. No caso da omissão, a pena é de prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa. No caso da lesão corporal, a pena é de detenção de até seis meses.

Depoimento

Os cães moram em uma residência no setor Sul em que também vivem uma idosa, de 70 anos, e uma moça de aproximadamente 25. Quem se apresentou como tutora à polícia foi a idosa. Ela disse que deixa os cães soltos porque tem problemas de saúde que a impedem de vigiar os animais na maior parte do tempo e porque defeitos no portão da casa persistem – embora os vizinhos tenham feito uma vaquinha em junho desse ano para ajudá-la a resolver a questão, arrecadando e doando R$ 275.

O filho dessa idosa já havia dito ao delegado que estava buscando um novo tutor para os dois cães, de preferência um que more em chácara com amplo espaço para os cachorros circularem.  Fernando Martins encaminhou para o exame de corpo de delito duas pessoas que foram feridas por esses cães. Uma delas é a dona da cadela Catarina, num episódio que resultou na morte da pet no dia 9 de novembro, e a outra é uma moça que foi atacada enquanto estava de moto.

“Estamos esperando o laudo da moça da moto ficar pronto, para saber se a dona dos cães terá que responder por lesão corporal grave ou não. No que diz respeito ao caso da cadela Catarina e da tutora dela, os termos circunstanciados de ocorrência já estão prontos e devem seguir para o juizado cível ainda nessa semana”, complementou.

Catarina

A discussão em torno da negligência das responsáveis pelo chow-chow e da vira-lata mobilizam os moradores do setor Sul desde 2024. Os primeiros relatos de gatos assassinados na vizinhança surgiram no ano passado e, a princípio, as donas dos animais ficaram caladas, mas depois acabaram se manifestando quando se descobriu de quem eram aqueles cães.

Julia Perillo e Catarina (Foto cedida ao Mais Goiás)

A filha da idosa, uma moça de 25 anos que também mora no imóvel, disse aos vizinhos que não conseguia manter os animais presos por causa de um defeito no portão. Eles então fizeram uma vaquinha e arrecadaram R$ 275 para ela custear o conserto, mas o problema continuou.A mulher também recebeu dinheiro da vizinhança para levar a vira-lata para castração. Ela informou que havia ganhado o procedimento, mas que a clínica ficava longe e que precisaria de um valor aproximado de R$ 150 para custear o transporte por aplicativo. Os moradores fizeram uma nova vaquinha e levantaram a quantia.

A despeito de todos esses esforços, os cães voltaram a fazer vítimas. Houve um caso no começo do ano e o mais recente aconteceu na semana passada: Catarina, a pet de estimação da psicóloga Júlia Perillo, morreu dois dias depois de ser atacada.