Ansiedade: os tipos, os tratamentos e a influência das telas do transtorno que afeta 18 milhões de brasileiros
A série ‘Ansiedade’, do ‘Bem Estar’, busca ajudar a identificar os sintomas de ansiedade que comprometem a vida afetiva e profissional, a partir de relatos de pacientes e profissionais de saúde.
Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo vive com algum tipo de transtorno mental e a ansiedade é um desses problemas mais comuns, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no planeta, de acordo com o órgão. A ansiedade já afeta 18 milhões de brasileiros e este pode não ser um número real, porque muita gente não tem um diagnóstico.
Segundo o Ministério da Previdência Social, em 2021, 49.000 pessoas foram afastadas do trabalho por causa de algum tipo de transtorno de ansiedade. Em 2025, só até junho, mais de 81.000 funcionários já tinham entrado de licença médica por motivos similares.
A ansiedade pode se manifestar de diferentes formas, mas antes do diagnóstico preciso, muitos indivíduos percorrem um longo caminho de consultas com diversos especialistas.
Entre os tratamentos, existem opções variadas, como a medicação tradicional, terapias comunitárias, o chamado mindfulness e até o uso controlado do canabidiol.
A série ‘Ansiedade’, do ‘Bem-Estar’, busca ajudar a identificar os sintomas de ansiedade que comprometem a vida afetiva e profissional, a partir de relatos de pacientes e profissionais de saúde. Nesta reportagem, você vai conferir os destaques da série:
1. Quando a ansiedade se torna um problema de saúde
As sensações de expectativa, frio na barriga e coração acelerado fazem parte da vida e são necessárias. Elas preparam o nosso corpo para os desafios e fazem a gente ter energia para seguir em frente. Por isso, é normal ter ansiedade antes de uma estreia, durante a espera pelo resultado de um exame, antes de uma entrevista de emprego, ou em um encontro amoroso.
Mas quando a ansiedade não dá trégua e ultrapassa os limites, atrapalhando o sono, o trabalho e os relacionamentos, deixa de ser algo natural e torna-se patológico.
“Seu corpo fica acelerado, o coração fica com as batidas mais descompassadas. A respiração é mais curta. Eu costumo dizer que ela é uma ladra de momentos presentes. Você está aqui, vivendo apenas a sua vida e ela te rouba. Ela te leva para um lugar muito ruim de estar”, explica o psicólogo Alexandre Coimbra Amaral.
Natália Oliveira mora em Heliópolis, a segunda maior favela de São Paulo. Ela se formou em psicologia e desde criança tinha dificuldade de lidar com suas emoções.
“Na minha primeira crise de ansiedade eu tinha dez anos. O meu padrasto sofreu um acidente de carro muito grave e eu fiquei muito aterrorizada com aquilo. E aí eu não dormia. Eu sentia muita dor no peito, falta de ar”, conta. Natália foi fazer o Enem e teve uma crise de vômito, não conseguiu fazer a prova. Ela tremia e chorava.
A respiração ofegante é um sinal comum dos transtornos de ansiedade. “Na maioria das vezes eu vomitava, eu ficava com tontura e apagava. Passava dias sem comer, perdia o sono, não conseguia dormir de jeito nenhum”, conta a atriz Dayane Lopes.
A psiquiatra Camila Magalhães Silveira explica que, na ansiedade normal, uma pessoa fica ansiosa para uma prova e isso ajuda para que ela possa se preparar para essa prova. Mas a ansiedade patológica é aquela preocupação excessiva e persistente.
“A gente identifica que algo não vai bem porque interfere no nosso corpo, no nosso sono, na forma como nos relacionamos com as pessoas. Pode até trazer sintomas físicos mal-estar, taquicardia, tremedeira, pálpebra tremendo também e uma sensação de aperto no peito, angústia”, explica a médica.
Uma pessoa pode não gostar muito de lugares cheios, mas se ela for incapaz de pegar um metrô para ir até o centro da cidade onde trabalha, ela está incapacitada para trabalhar, explica o psiquiatra Márcio Bernik.
Segundo o psicólogo Alexandre Coimbra Amaral, ao contrário do que muita gente pensa, a ansiedade começa de fora para dentro: “A ansiedade é uma resposta do nosso corpo, da nossa alma, das nossas sensações, com os ambientes que fazem parte da nossa vida”.







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