Com falta de insumos, produção de repelentes no Brasil não supre alta demanda

As duas principais substâncias que dão o efeito repelente são importadas e o que tinha sido comprado já acabou, obrigando as empresas a fazer novos pedidos e esperar pelas entregas. O transporte marítimo leva meses e a opção mais rápida, de avião, é também a mais cara.

Com falta de insumos, produção de repelentes no Brasil não supre alta demanda

Quando ele aparece na prateleira, rapidinho já acaba. A Adélia tentou comprar repelente em uma farmácia em São Paulo, mas só achou poucos frascos do infantil.

"Agora vou continuar procurando para ver", conta ela.

O repelente para crianças serve para a irmã do Henrique, que está com dengue. Ela precisa do produto para não ser picada e aí o mosquito contaminar outras pessoas da casa, mas os adultos da família correm o risco de ficar sem.

"Eu já passei em várias farmácias. Não estou achando nada", relata ele.

O coordenador farmacêutico Paulo Victor Zanata Rocha, responsável pela farmácia, diz que a procura por repelentes aumentou muito além da oferta: "A gente tem procurado com os fornecedores também, que também relatam dificuldades de conseguir com a indústria".

A indústria aumentou a produção para tentar dar conta dessa procura maior. Uma empresa tem fabricado três vezes mais repelentes do que o normal para essa época e, no centro de distribuição, quando chega um carregamento de repelente, ele vira prioridade. Vai ser colocado antes de outros produtos nos caminhões, para abastecer mercados e farmácias.

"O nosso compromisso com a população é atender o máximo possível essa demanda, inclusive trazendo produtos também de outros países, como por exemplo a Argentina", diz Tatiana Ganem, gerente-geral da SC Johnson Brasil.

Alguns fabricantes afirmam que só não aumentaram ainda mais a produção por causa do prazo de entrega e da disponibilidade dos insumos. As duas principais substâncias que dão o efeito repelente -- o deet e a icaridina -- são importadas e o que tinha sido comprado já acabou, obrigando as empresas a fazer novos pedidos e esperar pelas entregas. O transporte marítimo leva meses e a opção mais rápida, de avião, é também a mais cara.

"Aumento aí de 40% no custo, principalmente pelo impacto do aéreo. Normalmente, um produto hoje quando ele vem marítimo, até você embarcar e desembarcar são 120 dias", diz João Adibe Marques, CEO da Cimed.

Segundo a associação que representa o setor, o abastecimento deve ser normalizado nas próximas semanas. Uma fábrica no interior de São Paulo teve que refazer todo o planejamento, contratou funcionários, dobrou os turnos de trabalho e também está trazendo insumos de avião.

"A gente tem aí praticamente três vezes mais matéria-prima chegando agora do dia 20 a 25 de abril. A tendência é dar continuidade, porque o inverno dizem também que a temperatura não vai ser tão baixa e a gente tem que suprir os nossos clientes", comenta Norberto Luiz Afonso, CEO da Henlau Química.

 

G1.