Após mortes de policiais, PM do DF anuncia abertura de três vagas imediatas para psiquiatras

Após mortes de policiais, PM do DF anuncia abertura de três vagas imediatas para psiquiatras

A Polícia Militar do Distrito Federal informou que vai abrir um concurso com cinco vagas para psiquiatras dentro da corporação, sendo três para início imediato e duas para cadastro reserva. O anúncio da pasta foi feito depois de um sargento da PM atirar contra o colega de trabalho dentro da viatura em que estavam, no último domingo (14), no Recanto das Emas. O sargento acabou atirando contra si mesmo logo depois e morreu no local.

O policial militar ferido chegou a ser levado ao Hospital de Taguatinga, mas não resistiu e morreu. Um terceiro servidor também estava dentro da viatura e foi atingido por estilhaços do para-brisa, que quebrou com o disparo. Ele foi levado para atendimento e liberado após avaliação médica.

O ocorrido acendeu o alerta sobre saúde mental dentro das forças de segurança na capital do país. Em nota, a PMDF declarou que o caso está sob investigação da Polícia Civil e da Corregedoria da PM. A corporação ressaltou que trata como prioridade a saúde mental dos policiais militares.

 

“[Estamos] empenhados em criar um ambiente de trabalho onde o cuidado com a saúde mental é uma prioridade. Acreditamos que apoiar a saúde mental de nossos policiais é fundamental para manter uma força de trabalho resiliente, eficaz e compassiva.”

Ao R7, a corporação anunciou as novas vagas para psiquiatria e afirmou que conta com “diversas redes credenciadas no sistema de saúde da PM, contando com clínicas de psiquiatria e psicoterapia para atendimento”.

“Além disso, a PMDF oferece assistência psicológica 24 horas por dia, sete dias por semana, através da Capelania Militar e do Centro de Promoção e Qualidade de Vida. Esses serviços visam cuidar da saúde mental do policial militar e incluem a realização de cursos”, afirma.

 

Mudanças institucionais

 

Psiquiatra e professor de medicina do Ceub, Lucas Benevides destaca a importância de os agentes terem acompanhamento constante. “Esses profissionais estão frequentemente expostos a situações traumáticas e de alto estresse, o que pode levar a transtornos de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade. Além disso, a natureza do trabalho pode afetar suas relações pessoais e sociais”, avalia.

Para ele, é necessário que as corporações adotem estratégias como um departamento de psicologia dentro das forças policiais dedicado ao bem-estar dos agentes e programas regulares de avaliação psicológica. “Ensinar técnicas de gestão de estresse e resiliência pode ser extremamente benéfico, assim como disponibilizar linhas telefônicas ou outros recursos para que os agentes possam buscar ajuda de forma anônima e segura”, diz.

Benevides fala sobre a necessidade de encorajar a discussão da saúde mental dentro da força de segurança. Para o especialista, cada corporação deve desenvolver um projeto que atenda as próprias demandas. “Por exemplo, a Polícia Militar, que lida com o policiamento ostensivo, pode necessitar de foco em lidar com situações de confronto direto, enquanto a Polícia Civil, envolvida em investigações, pode precisar de suporte para lidar com casos prolongados de estresse”, declara.

O especialista afirma que é essencial treinar superiores para identificar sinais de problemas de saúde mental em seus subordinados e encorajá-los a buscar ajuda. Ele defende que é necessário oferecer intervenções não apenas na ocorrência de incidente traumáticos, mas também como medida preventiva.

 

‘Evento doloroso'

 

Pelas redes sociais, a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, lamentou a perda dos dois policiais militares. “Este evento doloroso destaca a urgência de priorizar a saúde mental dentro das forças de segurança. Estamos comprometidos e iremos investir cada vez mais em programas que busquem harmonia entre saúde mental e o aspecto profissional da nossa corporação”, escreveu.

 

Via R7.