Mulher denuncia que ela e a companheira foram agredidas por vizinhos com socos, chutes e mordida por serem lésbicas

Mulher diz que está sendo perseguida e que já registrou três ocorrências contra os mesmos vizinhos, em Trindade. Fotos mostram que ela ficou com hematomas, múltiplas escoriações e uma marca de mordida no rosto; veja. 2

Mulher denuncia que ela e a companheira foram agredidas por vizinhos com socos, chutes e mordida por serem lésbicas
Montagem mostra marca de mordida em rosto de estudante e braço dela com hematomas após agressão, em Trindade, Goiás — Foto: Montagem/g1 e reprodução/arquivo pessoal

Uma estudante de 39 anos, que preferiu não se identificar, denuncia que ela e a companheira, de 38, foram agredidas por três vizinhos por serem lésbicas, em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. Ela conta que já registrou três ocorrências na polícia após sofrer homofobia pelas mesmas pessoas. A mulher diz que, na última situação, ela e a esposa levaram socos, chutes, pontapés e até mordida (veja fotos acima e abaixo).

 

“Estamos sofrendo perseguição por sermos homossexuais. Eu estava varrendo a porta de casa e a vizinha estava me encarando. Eu perguntei ‘o que foi que você está olhando?’ e ela falou ‘como é que é?’ e já veio e falou ‘cala a boca, sua sapatona vagabunda’. Me deu um tapa e vários murros”, contou.

 

O g1 não conseguiu localizar as defesas dos vizinhos, suspeitos de agredir o casal, para que se posicionem, até a última atualização desta reportagem.

As agressões aconteceram na última quinta-feira (17), no Setor Pontakayana, em Trindade, em frente a casa onde elas moram. No dia, a estudante conta que estava varrendo a porta de casa quando uma vizinha chegou, começou a encará-la e a debochar dela.

 

Durante a discussão, a filha da dona da casa e o marido dela também participaram das agressões, conforme relatou a mulher. Ela diz ainda que o homem tentou enforcá-la e deu socos na barriga dela.

 

“A filha dela também começou a me agredir com puxões de cabelo, tapas, socos e tentaram até tirar a minha roupa. Depois, chegou o marido da mulher, que tentou me enforcar”, disse.

 

Estudante foi mordida no rosto durante agressão, em Trindade, Goiás — Foto: Reprodução/arquivo pessoal

Estudante foi mordida no rosto durante agressão, em Trindade, Goiás — Foto: Reprodução/arquivo pessoal

 

Durante a briga, a mulher conta que os demais vizinhos, que não estavam participando das agressões, ficaram filmando a situação e não chamaram a polícia.

Ela e a companheira conseguiram acionar a Polícia Civil e a vizinha, que discutiu com o casal, chegou a ser levada para a delegacia, mas foi liberada. Já as vítimas passaram por corpo de delito e um relatório médico apontou que a estudante teve lesões no rosto, no tronco, múltiplas escoriações, hematomas, trauma abdominal e uma marca de mordida no rosto.

Revoltada com a situação e cansada de não ter paz em casa, a estudante disse que representou criminalmente na Polícia Civil contra a vizinha, a filha dela e o marido da mulher. Segundo ela, o caso está sendo investigado pelo 2º Distrito Policial de Trindade.

O g1 tentou contato com a Polícia Civil, por ligação e mensagens por volta das 16h desta quarta-feira (23), para saber informações sobre a investigação, e aguarda retorno desde a última atualização desta reportagem.

 

Outras brigas

 

A estudante conta que vive na casa com a companheira há cerca de dez anos, mas que a perseguição começou neste ano. A primeira vez que elas registraram ocorrência contra os vizinhos foi no dia 30 de julho deste ano e a segunda, em 4 de outubro.

 

Na primeira vez, a mulher conta que um vazamento na casa dos vizinhos estava causando uma infiltração no muro da casa dela. Com isso, ela foi até a residência ao lado para conversar com os moradores. Na ocasião, ela diz que a dona da casa a recebeu com ofensas.

 

“Ela falou que nós não prestávamos e que não valíamos nada, falou que queria quebrar a minha cara e me bater. Eles não têm respeito, sempre me xingam de puta, piranha, vagabunda. Falam que não somos pessoas para poder morar perto deles”, contou.

 

Estudante ficou com hematoma no braço após agressão, em Trindade, Goiás — Foto: Reprodução/arquivo pessoal

Estudante ficou com hematoma no braço após agressão, em Trindade, Goiás — Foto: Reprodução/arquivo pessoal

Na segunda vez, ocorrida no dia 4 de outubro, a estudante conta que denunciou os vizinhos após uma discussão também por causa de problemas nas casas. Ela relata que estava fazendo uma obra e foi, junto a companheira, até a casa da vizinha para falar que iria aumentar o muro de sua residência. No entanto, ela afirma que foi recebida com ofensas.

 

“Ela falou que nós tínhamos a obrigação de arrumar a casa dela, ficou gritando, falando para bater no nosso portão. Nós fomos lá para conversar sobre isso, falar que iríamos aumentar o muro, mas ela [a vizinha] foi tão grossa”, contou.

 

“Eu fico me perguntando o que é que a gente fez para eles. Mas nunca fizemos nada”, desabafou a estudante.

 

Com informações g1 Goiás.