Uma escola localizada em Anápolis está sendo investigada após os alunos denunciarem terem participado de uma palestra que pregou a “cura gay”. A palestra ocorreu no início deste ano, no Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Doutor Mauá Cavalcante Sávio.

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), a equipe gestora responsável pela organização da palestra não está mais à frente da unidade escolar, uma vez que houve, no mês de junho, a mudança dos diretores. Leia a nota completa na íntegra.

Alex Costa, advogado e membro da comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Goiás (OAB-GO), disse que a palestrante fazia parte de uma igreja e se apresentou aos alunos como “ex-transexual”.

“Ela disse que a vida dela estava fadada à condenação, à morte, não se sentia feliz e aceita. Falou que a única solução é ‘destransicionar’, aceitar a identidade de gênero biológica, ir pra igreja, ser cristão, casar com sexo oposto, ter filhos e uma família tradicional”, contou o advogado.

Preconceito

O diretor da unidade de ensino, Jorgiano Rodrigues, explicou que o termo “cura gay” não foi usado, mas que os alunos se incomodaram com o teor das falas da palestrante. Os estudantes têm entre 13 e 17 anos. A defesa da palestrante não foi localizada.

Em nota, a atual direção do colégio informou que a escola não compactua com qualquer fala que faça acepção de pessoas por orientação sexual, identidade de gênero, manifestação religiosa ou cor de pele. Leia a nota completa na íntegra.

O advogado disse que, um adolescente que se identifica como homem trans, relatou para um colega que depois da palestra teve certeza que deveria morrer para que Deus o aceitasse. Segundo Costa, alguns alunos tiveram pensamentos autodestrutivos.

A igreja evangélica responsável pela palestra informou que as acusações são falsas. Nas redes sociais, o perfil da igreja publicou uma nota dizendo que não acredita na existência da cura gay .

Nota completa da Secretaria de Estado da Educação (Seduc)

A Seduc/GO não tem informações oficiais sobre este assunto. Assim que tomou conhecimento do ocorrido, a Secretaria determinou a abertura de um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) para apurar as circunstâncias dos fatos e adotar a devida responsabilização de todos os envolvidos;

A Seduc/GO destaca que a equipe gestora responsável pela organização da palestra não está mais à frente da unidade escolar, uma vez que houve, no mês de junho, a mudança dos diretores após resultado do processo de seleção de gestores da rede pública estadual de ensino;

A Seduc/GO ressalta, mais uma vez, que não corrobora, em hipótese alguma, com quaisquer atitudes, atividades ou ações que firam os preceitos constitucionais e a dignidade humana, sobretudo no ambiente escolar, que deve ser plural;

A Secretaria da Educação de Goiás reitera, também, que todos os esforços têm sido feitos no sentido de promover o bem-estar, a paz e o respeito à diversidade.

Nota completa do Cepi Dr. Mauá

Prezados membros da comunidade escolar e público em geral. Queremos reiterar categoricamente que não houve, sob qualquer circunstância, qualquer debate, ensinamento ou promoção da chamada “cura gay” dentro de nossa instituição de ensino. O CEPI é comprometido com a promoção de valores de respeito, inclusão e igualdade, e estamos empenhados em criar um ambiente seguro e acolhedor para todos os nossos alunos, independentemente de sua orientação sexual, identidade de gênero, raça, religião ou qualquer outra característica.

Repudiamos veementemente quaisquer práticas, terapias ou conceitos que visem “curar” ou “converter” pessoas LGBTQIAPN+ ou que promovam discriminação contra essa comunidade. Reafirmamos nossa dedicação em manter o CEPI Dr. Mauá Cavalcante Sávio como um local onde a tolerância e a igualdade prevaleçam, e onde todos os alunos possam aprender e crescer em um ambiente de respeito e apoio. Agradecemos pela confiança que depositam em nossa escola e nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.

Com informações Mais Goiás.