Em Goiás: Polícia e MP investigam suspeito de criar e distribuir fórmulas próprias prometendo curar pacientes com Covid-19

Vídeo registra quando Cláudio Cardoso vai a hospital pegar kit entregue a paciente, mas que fora recolhido por equipe de saúde. Segundo autoridades locais, tratamento é de fabricação caseira, não tem comprovação científica da eficácia e não teve fórmula divulgada, em Palmeiras de Goiás.

Em Goiás: Polícia e MP investigam suspeito de criar e distribuir fórmulas próprias prometendo curar pacientes com Covid-19

A Polícia Civil e o Ministério Público investigam um homem suspeito de criar e distribuir substâncias desconhecidas com a promessa de curar em até 12 horas pessoas diagnosticadas com Covid-19, em Palmeiras de Goiás, a cerca de 70 km de Goiânia. Um vídeo mostra quando ele vai a um hospital pegar o kit que foi recolhido pela equipe médica após ser entregue indevidamente a um paciente (veja acima).

O suspeito é identificado como Cláudio Cardoso. O G1 entrou em contato com o homem por telefone na manhã desta terça-feira (30), mas ele disse que preferia não dar a sua versão dos fatos. À TV Anhanguera, em outra ocasião, Cláudio e um filho explicaram como seria feito o tratamento e que ele é distribuído de forma gratuita.

A suposta cura seria feita após o consumo de cápsulas e de um líquido produzidos de forma caseira, mas que não tiveram as matérias-primas reveladas pelo investigado. O material foi encontrado escondido na marmita de um paciente de Covid-19 internado no Hospital Municipal de Palmeiras de Goiás, na segunda-feira (29).

Diretor da unidade de saúde, o médico Tarciso Liberte Romão Borges Júnior explicou que uma enfermeira descobriu as substâncias e as entregou a ele. Segundo o profissional, as cápsulas e o tubo foram guardados para análise e, depois, o homem que se identificou como criador das fórmulas foi ao hospital exigi-los de volta.

    “Eu decidi recolher e mandar para análise porque não tem rótulo, nada que identifique o que seja. No fim do dia, ele foi à unidade e brigou com as enfermeiras porque queria a medicação”, disse o médico.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra a discussão entre o suspeito, policiais militares e representantes o hospital. Na ocasião, o suspeito acusou os profissionais de saúde de roubo.

    “Aquela senhora e aquele doutor pegaram um produto meu e mandaram para análise sem nenhum mandado, sem um juiz bater um martelo. Tomaram de uma senhora que deixei na condição de ela usar, gratuito. Ela não usou e tomaram dela para fazer análise”, esbravejou na gravação.

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) também já foi acionado para atuar no caso. Segundo o promotor de Justiça Eduardo Prego, deve ser solicitado às autoridades em saúde que avaliem as substâncias usadas para descobrir do que se trata.

    “A conduta praticada por ele pode ser de charlatanismo, estelionato e curandeirismo. Vamos verificar se ele aferia vantagem econômica em ministrar esses medicamentos”, afirmou.

Medicamentos sem eficácia

Apesar de o investigado não revelar quais as substâncias usadas em sua fórmula, a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou, neste mês, um boletim condenando o uso de remédios sem eficácia contra a Covid-19.

"Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida", diz o texto da AMB.

No documento, a entidade cita 13 pontos para enfrentamento da pandemia e reforça a necessidade de prevenção da Covid-19. Entre eles estão acelerar a vacinação, manter o isolamento social, o uso de máscaras e a necessidade de ação das autoridades para solucionar a falta de medicamentos no atendimento de pacientes internados com a doença.

Com informações G1 Goiás.