Censo IBGE: recenseadores relatam dificuldades ao fazer pesquisa e denunciam até agressões verbais, em Goiás

Trabalhadores reclamam de falta de divulgação da pesquisa, demora no pagamento de ajuda de custo e pedem a colaboração da população.

Censo IBGE: recenseadores relatam dificuldades ao fazer pesquisa e denunciam até agressões verbais, em Goiás
Recenseador IBGE — Foto: Divulgação

Recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) estão relatando dificuldades ao fazer a pesquisa e até a demora em receber ajuda de custo do Censo Demográfico 2022, em Goiás. O g1 conversou com trabalhadores que denunciaram sofrer até agressões verbais ao visitar imóveis.

Ao g1, o IBGE informou que problemas técnicos em julho impactaram o pagamento de grande parte das pessoas que estavam em treinamento, mas ressaltou que a maior parte já recebeu a remuneração. O instituto informou ainda que as dificuldades das coletas de dados estão acontecendo em poucos domicílios, principalmente com pessoas que moram em casas, e que no dia 30 deste mês será divulgado um balanço do trabalho em todos os estados.

O IBGE também disse que divulga a importância do Censo em todo o país por meio das mídias, e que disponibiliza e-mails para que os recenseadores possam relatar os casos e buscarem apoio (nota na íntegra ao fim do texto).

As entrevistas nos domicílios começaram no dia 1º de agosto, porém, dois dos entrevistados contaram que já pediram desligamento antes mesmo de finalizar o trabalho, justamente, por causa dos problemas que vêm acontecendo.

Um recenseador de 31 anos, que não quis se identificar, conta que escolheu trabalhar na área do Setor Urias Magalhães, em Goiânia, mas já no primeiro dia recebeu ameaça de um morador e não pôde registrar boletim de ocorrência por ordem da supervisão.

“Quando entreguei o aviso de coleta para um morador, ele disse que era agente de segurança pública e me ameaçou. O mesmo falou que ia pegar uma arma de fogo. Tive que deixar o aviso no portão e deixar o local”, disse o trabalhador.

Ele ainda conta que atuou apenas 8 dias como recenseador. Em pouco mais de uma semana, também passou por mais um caso de ameaça e precisou interromper uma coleta de dados.

“O proprietário chegou a iniciar o procedimento de coleta e, do nada, começou a gritar e usar palavras de baixo calão. As duas agressões foram relatadas para a minha supervisão e fui impedido de fazer boletim de ocorrência para preservar o nome do instituto”, disse.

Outro recenseador, de 33 anos, que também não quis se identificar, atuou como recenseador na região do Jardim Novo Mundo, também na capital. Ele reclama de falta de divulgação prévia do IGBE à população, diante do novo Censo, o que, segundo ele, dificulta ainda mais a coleta de dados nas casas.

“Essa dificuldade deixou a população sem noção se o Censo era seguro. Além de que, todos os recenseadores andam relatando poucos ganhos, mesmo terminando as coletas nas áreas”, disse.

Já o recenseador Ivan Bentes, de Brazabrantes, na região Metropolitana, quer pedir a colaboração da população para com o Censo. Ele fala que alguns moradores até confundem o trabalho de coleta com pesquisa eleitoral.

“Minha dificuldade é a mesma de todos os recenseadores, a de que muitos moradores não estão colaborando ou nem estão sabendo do Censo. Algumas pessoas nos confundem com trabalhadores de pesquisa eleitoral e nem nos ouvem”, diz Ivan.

Multa

De acordo com a Lei nº 5.534 de 14 de novembro de 1968 e com o Decreto nº 73.177, de 20 de novembro de 1973, toda pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, é obrigada a prestar as informações solicitadas pelo IBGE.

A legislação determina ainda a multa de até dez vezes o maior salário-mínimo vigente no país, se o infrator for primário; e de até o dobro desse limite, quando reincidente.

O IBGE coleta informações apenas para fins estatísticos. Isso quer dizer que suas respostas serão desidentificadas e combinadas com informações prestadas por outros milhares de domicílios ou empresas, de forma agregada, gerando o resultado final da pesquisa. Sendo assim, suas informações não serão divulgadas de forma individualizada ou em qualquer formato que possa levar à sua identificação.

 

Nota do IBGE

 

Em julho, tivemos alguns problemas técnicos que impactaram o pagamento de grande parte das pessoas que estavam em treinamento para o cargo de recenseador. A maior parte das pessoas já recebeu o devido pagamento, porém, ainda estamos atuando para solucionar problemas residuais que persistem.


Com relação às dificuldades na coleta do Censo Demográfico, informamos que as recusas estão ocorrendo em poucos domicílios proporcionalmente ao montante visitado, no dia 30 de agosto divulgaremos o primeiro balanço parcial da coleta nos estados e no Brasil. Nossa maior dificuldade está sendo a de encontrar os moradores em casa. Contudo, temos, sim, recebido alguns relatos de recenseadores que não foram bem atendidos pelos moradores.


O IBGE repudia qualquer forma de agressão contra seus servidores e orienta que em caso de agressões seja feito o boletim de ocorrência nos órgãos competentes. Além disso, o instituto disponibiliza os e-mails ouvidoria@ibge.gov.br e crh@ibge.gov.br para que os recenseadores possam relatar esses casos e buscarem apoio de nossa equipe de saúde.


Trabalhando em parceira com a mídia de todo o país, o IBGE vem divulgando a importância de se receber bem o nosso recenseador e de responder corretamente o Censo. Essa é uma pesquisa essencial para o planejamento de todas as políticas públicas para os próximos anos, desde o nível municipal até o federal.

Com informações g1 Goiás.