Recursos da Saúde estão no fim, alertam hospitais

Sindicato dos Médicos fala em esgotamento e “tragédia humanitária”.

Recursos da Saúde estão no fim, alertam hospitais
"Não há economia sem vida", diz médico. Foto: Giorgia Prates/Plural

Nesta terça-feira (16), dia em que o Paraná registra o recorde de mortes por coronavírus (310) desde o início da pandemia, uma carta aberta, assinada por 28 hospitais de Curitiba e Região Metropolitana, faz um apelo e um alerta à população para que seja mantido o isolamento social, evitando assim o “esgotamento absoluto dos recursos da saúde”.

“O total de casos ativos e de óbitos é o maior desde o início da pandemia. Com as novas cepas mais transmissíveis, temos maior número de pessoas doentes”, afirma o documento. Hoje, o Paraná registra o número de 13.826 mortos pela Covid-19 e 764.529 casos, segundo boletim da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

O texto lembra que, para atender as demandas, novos leitos foram criados, mas não foram suficientes. “Leitos foram ampliados nos hospitais públicos e privados de Curitiba e Região Metropolitana, e todos estão já ocupados.” O alerta também ressalta que existem muitos pacientes na fila de espera: “Estamos com pacientes críticos em unidades de emergência aguardando vagas nas Unidades de Terapia Intensivas e estamos extremamente limitados para novas ampliações.”

O problema também tem sido o esgotamento dos profissionais da saúde, gerado pela “sobrecarga de trabalho e a duração desta pandemia”. Os diretores Técnicos dos hospitais dizem que decidiram vir a público para “demonstrar a sua preocupação quanto ao esgotamento absoluto dos recursos para manter o atendimento dentro dos padrões exigidos”, dizem. “Estamos passando pelo momento mais crítico da Pandemia desde o seu início.”

Assinaram o documento as Diretorias Técnicas Médicas dos Hospitais:
Hospital Angelina Caron, Hospital Cardiológico Constantini, Hospital Cruz Vermelha, Hospital das Nações, Hospital de Infectologia e Retaguarda Clínica Oswaldo Cruz, Hospital de Olhos do Paraná, Hospital de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, Hospital do Idoso Zilda Arns, Hospital do Rocio de Campo Largo, Hospital do Trabalhador, Hospital Erasto Gaertner, Hospital INC – Instituto de Neurologia de Curitiba, Hospital IPO – Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia, Hospital Marcelino Champagnat, Hospital Nossa Senhora das Graças, Hospital Pequeno Príncipe, Hospital Pilar, Hospital Santa Madalena Sofia, Hospital São Lucas de Campo Largo, Hospital São Lucas de Curitiba, Hospital São Vicente, Hospital Sugisawa, Hospital Universitário Cajuru, Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, Hospital Vita Batel, Hospital Vita Curitiba, Hospital XV, Santa Casa de Curitiba.

O Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar) também divulgou nota pedindo que gestores públicos estaduais e municipais implementem uma série de medidas para diminuir os efeitos da pandemia, classificado por eles como “tragédia humanitária”.

Na opinião dos médicos e médicas, o ideal neste momento seria a implementação de um lockdown que proporcionasse o índice de isolamento social de 70% da população. É, ainda, urgente que se atinja a imunização de 30% da população com a vacina.

Outra preocupação do Simepar são critérios mais rígidos de lotação dos transportes públicos. “É muito importante que os ônibus circulem com a lotação reduzida, com os passageiros todos sentados. Ônibus lotados são locais altamente propícios para a proliferação do vírus e para o contágio da população”, afirmam.

Além disto, pedem a disponibilização de atendimento psicológico para os profissionais de Saúde, em especial aos que estão na linha de frente do atendimento aos pacientes da Covid-19. “Há diversos relatos de fadiga extrema, pondo em risco a saúde física e psíquica desses profissionais. Muitos desistem dos seus postos de trabalho e há inclusive casos de ao suicídio que chegam ao conhecimento do Simepar.”

O Sindicato também reivindica a distribuição de auxílio emergencial pelos municípios, para amenizar a crise econômica. “O estado e municípios devem promover a isenção de impostos e tributos que incidam diretamente nos custos dos estabelecimentos comerciais.”

Segundo o médico Marlus Volney de Morais, presidente do Simepar, “não há como tentar resolver a crise econômica sem superar a emergência sanitária e humanitária. Resumindo: não existe economia sem a vida das pessoas”.

Com informações Plural Curitiba.