Nos EUA e no Brasil, mulheres tomaram mais vacinas contra covid do que homens

Nos EUA e no Brasil, mulheres tomaram mais vacinas contra covid do que homens

Em países das Américas, como EUA, Brasil e Argentina, as mulheres estão se vacinando mais contra a Covid. Já em algumas partes da África e na Índia, a situação é inversa: mais homens têm sido imunizados.

O papel de cada um nas diferentes sociedades e a valorização de uma figura masculina tradicional em algumas nações ajudam a explicar essas diferenças, que podem atrasar a imunização geral e o fim da pandemia. Os dados de vacinação por sexo foram compilados pelo projeto The Covid-19 Sex-Disaggregated Data Tracker, organizado pela iniciativa Global Health 50/50, cuja base fica no Reino Unido e que busca a igualdade de gênero na saúde, em parceria com outras duas ONGs.

A iniciativa buscou números em 198 países, mas apenas 39 deles detalham a aplicação de vacinas por gênero. De modo geral, a população das nações quase sempre se divide em 50% de homens e 50% de mulheres. Assim, as mulheres estão se imunizando mais nos EUA (elas tomaram 53% das doses já aplicadas), no Brasil (58,5%), na França (53,8%) e na Nova Zelândia (60,6%).

Para especialistas de saúde pública no Brasil, essa disparidade não é novidade, pois as mulheres tendem a cuidar mais da saúde. “Esse comportamento tem relação com o acesso das mulheres à educação em cada país e a forma como a sociedade as valoriza”, avalia Eliseu Waldman, professor do Departamento de Infectologia da USP. Em lugares como Gabão e Índia, onde há poucas doses e as mulheres têm menos espaço na sociedade, os homens passaram na frente.


“Elas buscam muito mais informações sobre prevenção. Há uma cultura de que elas são as gestoras de saúde da família, pois cuidam das crianças, dos avós e dos maridos. Pode parecer machista, mas é uma evidência”, diz Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunização).


Outra razão para a maior taxa de vacinação é que elas geralmente vivem mais. Nos EUA, a expectativa de vida das mulheres é de 81,2 anos, contra 76,2 dos homens. No Brasil, essa cifra é de 80,1 anos para elas, e de 73,1 para eles. E, nos dois países e em boa parte do Ocidente, os mais velhos foram imunizados antes.


Nos EUA, porém, a imunização está liberada para todos os maiores de 16 anos desde abril, e ainda assim a diferença é grande. No país, cerca de 8 milhões de mulheres se vacinaram a mais do que os homens.

A resistência masculina ajuda a explicar a redução no ritmo da campanha de vacinação americana. Apesar da abundância de doses, o país imunizou por completo, até agora, 46,4% de sua população.

Especialistas apontam que o conceito de masculinidade tradicional pode explicar a menor procura deles pela proteção. Homens são mais propensos a questionar indicações de especialistas e a rejeitar medidas de prevenção, como o uso de protetor solar. Ou seja, preferem decidir por si mesmos quais ações tomar.


Com informações Mais Goiás.