Estudante é levado a hospital após ser deixado desacordado e coberto de tinta em trote universitário, diz mãe

Mulher contou que encontrou o filho inconsciente e sem conseguir mexer braços e pernas em um posto de combustíveis. Universidade de Rio Verde lamentou e repudiou o episódio.

Estudante é levado a hospital após ser deixado desacordado e coberto de tinta em trote universitário, diz mãe
"Por pouco meu filho não veio a óbito. Se não fosse socorrido, por 20 minutos, ia uma vida", lamentou a mãe.

O trote aconteceu na quinta-feira (2). Ao g1, a Universidade de Rio Verde lamentou os "atos violentos sofridos pelo calouro do curso de agronomia" e repudiou "a conduta antiética dos acadêmicos veteranos".

Além disso, afirmou que, como a ação ocorreu fora das dependências da instituição, "não tem jurisdição para coibir" a ação. No entanto, disse que, após a formalização administrativa que foi feita por parte da família do estudante junto à UniRV, será aberto um processo disciplinar que pode resultar na expulsão dos envolvidos - veja a nota completa ao final da reportagem.

A mãe contou que, apesar de o trote não ter sido realizado nas dependências da universidade, os organizadores "convocaram" os estudantes de sala em sala e, no dia do trote, eles se encontraram lá para se dirigirem ao local onde foi realizado.

Segundo a mãe, ela levou o filho para participar do trote por ter acreditado que seria algo leve como o da filha, que é estudante de Medicina Veterinária e, quando passou na faculdade, teve o cabelo pintado durante a festa.

Ela detalhou que havia combinado com o jovem de buscá-lo na universidade quando acabasse o evento. No entanto, quando deu 21h, ligou e mandou mensagens para o filho, mas não teve nenhum tipo de retorno. Enquanto pai do jovem foi até a universidade com a intenção de encontrar o menino, a mãe permaneceu tentando contato pelo telefone, até que o aparelho foi atendido por uma pessoa desconhecida.

"Atenderam o celular, disseram que era um amigo dele, que tinham feito um trote com ele e que ele estava caído em um posto", relembrou a mãe.

Após pegar o filho no local, ela disse que o levou em casa para tirar a tinta preta, que ela suspeitava ser piche, do corpo do menino. Logo depois, o levou para o hospital.

"Ele não movimentava os braços e nem as pernas. Eu arrastei ele, o joguei no carro e corri para o hospital. Ele não chegou a entrar em coma, mas demorou muito para voltar em si", disse.

No atestado médico do menino, o hospital explicou que ele foi acometido com uma "intoxicação aguda que causa transtornos comportamentais devido ao uso de álcool". À mãe, o universitário contou não se lembrar de boa parte das coisas que ocorreram durante o trote.

"Ele lembra que na faculdade pegaram ele, levaram pra fora, fizeram ele ajoelhar e abrir a boca. Um jogava pinga, o outro cerveja e o outro óleo de soja. Depois ele não lembra de mais nada, só que acordou no hospital", detalhou a mãe.

Apesar de já ter voltado a mexer braços e pernas, o jovem permanece fraco e em recuperação, segundo a mãe. Ela ainda ressalta a preocupação com os trotes universitários e defende o fim de tais eventos para a segurança dos estudantes.

 

Nota da UniRV na íntegra:

 

"Em relação ao caso divulgado em redes sociais sobre atos violentos sofridos por um calouro do curso de agronomia, a Universidade de Rio Verde – UniRV lamenta o ocorrido e repudia veemente a conduta antiética dos acadêmicos veteranos. Ainda, manifesta que a ação ocorreu fora das dependências da Instituição e, por isso, não tem jurisdição para coibir, cabendo assim, após a formalização administrativa junto à UniRV, o que foi feito por parte do prejudicado, a abertura de processo disciplinar que poderá culminar na expulsão dos envolvidos.

Informa também, que há uma Portaria Interna datada desde o ano de 2006, que proíbe quaisquer manifestações no âmbito dos espaços da UniRV no que tange a recepção de calouros e trotes que possam ocasionar problemas em relação à integridade física e moral, constituindo em infração de natureza grave, com sanções disciplinares conforme prevê o Regimento Geral da Universidade.

Semestralmente todos os coordenadores e seguranças da UniRV são atualizados em relação à Portaria, no sentido de orientar os acadêmicos veteranos sobres as responsabilidades administrativas e judicias quanto ao descumprimento.

O corpo diretivo da UniRV reitera a repulsa à conduta praticada e reforça que a ética é assunto rotineiro na formação dos acadêmicos da Instituição, onde se busca valorizar que a vida acadêmica deve ser exercida em respeito ao próximo, baseadas em virtudes focadas em um conhecimento reflexivo e atitudes que gerem o bem."

 

Com informações G1.