Em Goiás: Diretora de escola onde crianças marcham e empunham réplicas de armas é exonerada da função

Vídeo mostra as crianças seguindo ordens de um instrutor, que manda marchar e dar meia volta, entre outras. Secretaria Estadual de Educação disse que a diretora será remanejada para outra função.

Em Goiás: Diretora de escola onde crianças marcham e empunham réplicas de armas é exonerada da função
Crianças marcham e fazem exercícios militares em escola de Padre Bernardo, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) exonerou na sexta-feira passada (2) a diretora do Colégio Estadual Santa Bárbara, onde crianças foram filmadas marchando e empunhando réplicas de armas, em Padre Bernardo, no Entorno do Distrito Federal (veja o vídeo acima).

A Seduc explicou que a mulher foi exonerada da função de diretora e voltou ao cargo de professora. Ela será remanejada dentro da rede estadual de ensino. A pasta exonerou a docente porque a atividade foi realizada sem apresentação de projeto (leia a nota ao final).

O nome dela não foi divulgado. Por isso, o g1 não localizou a defesa para se manifestar sobre a exoneração da função de diretora até a última atualização desta reportagem.

O vídeo foi divulgado em 31 de agosto deste ano. Nas imagens, seis crianças aparecem marchando e fazendo atividades militares com réplicas de armas nas mãos. Foram cinco meninos e uma menina que participaram da atividade promovida pela Guarda Mirim.

No vídeo, é possível ver que as crianças obedecem às ordens de um instrutor vestido com farda militar. Ele manda os meninos trocarem de lugar, dar meia volta, marcharem do meio do pátio até um muro e depois voltar. Mal conseguindo segurar a arma, eles seguem as ordens sem questionar.

A Prefeitura de Padre Bernardo informou à época da divulgação do vídeo que a administração sequer foi informada sobre o início das atividades com os alunos, bem como as práticas que seriam ensinadas.

Crianças marcham e fazem exercícios militares em escola de Padre Bernardo, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Crianças marcham e fazem exercícios militares em escola de Padre Bernardo, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

 

Atividade militar

 

Hélio disse não acreditar que a utilização das réplicas incentiva as crianças de forma negativa.

“A arma ali não é um incentivo para o lado negativo, e sim cerimonial. É a arma cruzada, descansar, em sentido, para ficar uma coisa bonita, uniforme. Não vejo nada demais”, disse o instrutor.

Instrutor que deu ordens para alunos com réplicas de armas era sargento da Aeronáutica

Instrutor que deu ordens para alunos com réplicas de armas era sargento da Aeronáutica

À TV Anhanguera, pais de alunos contaram que o curso da Guarda Mirim existe desde março e que as aulas estariam ocorrendo sempre aos domingos à tarde. Uma das alunas do curso, uma menina de 11 anos, conta que fazia parte do treinamento aprender a usar a arma.

“A gente só vai marchando com as armas. A gente nunca treinou atirar mesmo não, só marchar”, detalha a menina.

Já a mãe de uma aluna disse não concordar com a parte do treinamento que ensina o manuseio da arma.

“Mesmo se eles se formarem para serem policiais, está muito cedo ainda, porque vai incentivando, né? Querendo ou não, incentiva as crianças a ficarem mais violentas”, disse a mãe.

 

Nota da Secretaria Estadual de Educação

 

Em atenção à solicitação de informações acerca de vídeo envolvendo estudantes do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Santa Bárbara, de Padre Bernardo, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc) esclarece que:

- A gestora escolar já foi exonerada do cargo e está sendo instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para analisar todas as circunstâncias envolvendo o fato, além de apurar a responsabilidade de todos os envolvidos na questão, incluindo quem idealizou o projeto e quem se omitiu em relação às atividades filmadas;

- Desde o ocorrido, a Secretaria de Educação do Estado de Goiás tem enviado equipes à unidade escolar para reuniões pedagógicas e alinhamento de ações, no sentido de reforçar o cuidado com a execução de projetos que promovam a cultura da paz, o respeito e colaborem para a integridade física e moral de toda a comunidade escolar;

- A Seduc esclarece ainda que o projeto em questão estava sendo realizado sem o conhecimento da Secretaria de Educação do Estado. Ressaltamos ainda que todo e qualquer projeto a ser executado nas unidades escolares da rede estadual de ensino deve ser precedido de protocolo com análise técnica da Seduc Goiás e posterior autorização, o que, neste caso, não houve.

 

Com iinformações G1.