Em Goiás: Amigos acusados de matar adolescente após a chamarem para lanchar vão a júri popular

Ariane Bárbara, de 18 anos, foi encontrada morta em uma mata, em agosto de 2021. Decisão foi assinada pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara e júri ainda não tem data definida.

Em Goiás: Amigos acusados de matar adolescente após a chamarem para lanchar vão a júri popular
Ariane Bárbara (esquerda), Raíssa Borges (alto), Jeferson Rodrigues (meio) e Enzo Jacomini (baixo) em Goiânia — Foto: Montagem/g1

As defesas de Jeferson Rodrigues e Raíssa Nunes se posicionaram sobre o júri popular (confira abaixo as notas completas).

A data do júri ainda não foi marcada, mas a decisão foi assinada pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos contra a Vida e Tribunal do Júri. Ariane Bárbara desapareceu no dia 24 de agosto de 2021. A estudante ficou sete dias desaparecida antes de ter o corpo encontrado em uma mata, no setor Jaó. No fim, a polícia concluiu que três amigos e uma adolescente planejaram a morte da menina, que seguiu uma espécie de ritual dentro do carro onde foi levada.

O magistrado afirmou que acatou o parecer do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e, conforme divulgado pelo TJ-GO, entendeu que a materialidade delitiva do crime dispensava maiores delongas.

Jesseir avaliou que a materialidade ficou comprovada pelo Laudo de Exame Cadavérico, bem como ao de ocultação de cadáver, também, indicada no Laudo de Local de Morte Violenta.

Os três réus são acusados pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Além de corrupção de menor, porque, conforme mostrou a investigação, o trio pode ter corrompido uma adolescente para participar do crime.

 

Posicionamento das defesas

 

Em nota, Luciano Rezende, advogado de Raíssa Nunes, informou que a defesa não concorda com a decisão e, na última segunda-feira (28), interpôs um contra a decisão que determinou que os acusados fossem a júri popular.

O advogado completou que vai discutir as teses da defesa quando o julgamento ocorrer e, por enquanto, vai aguardar o julgamento do recurso que foi aberto. ‘Esperamos a absolvição em plenário quando for a hora certa. Ainda tem muita coisa para acontecer. Provaremos a inocência da Raissa, conforme as provas documentais e testemunhais nos autos”, afirmou.

Ao g1, o advogado Luiz Ferreira, da defesa de Jeferson Rodrigues, informou que está analisando a sentença para decidir quais providências serão tomadas.

Além disso, o defensor afirmou que, ao final do processo, a defesa irá provar a inocência de Jeferson.

O g1 pediu um posicionamento à defesa de Enzo Jacomini por e-mail, ligação e mensagem nesta terça-feira (29), mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

 

Desaparecimento e morte

 

Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos, em Goiânia, Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Eliana Laureano

Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos, em Goiânia, Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Eliana Laureano

  • Enzo Jacomini Carneiro (vulgo Freya): apontada como autora de facadas em Ariane dentro do carro;
  • Jeferson Cavalcante Rodrigues: usou o próprio carro para levar o grupo no passeio e depois jogar o corpo numa mata;
  • Raíssa Nunes Borges: a polícia disse que ela queria saber se era psicopata. Também é apontada como autora de facadas.
  • Uma adolescente foi apreendida à época do assassinato, mas o processo corre em segredo de justiça. Por isso, a reportagem não conseguiu informações sobre depoimento e a participação dela.

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No dia seguinte ao desaparecimento, a mãe registrou um boletim de ocorrência. Após três dias sem notícias da filha, ela procurou a imprensa para pedir ajudar na divulgação do caso. No boletim, consta que a menina contou que ia para a casa dos amigos, que ficava no setor Jaó, mesmo bairro em que foi encontrada morta.

Segundo o delegado Marcos Gomes, que investigou o crime, os amigos continuaram agindo e fazendo posts nas redes sociais "como se nada tivesse acontecido" dias após o corpo ser encontrado.

De acordo com a polícia, o crime foi planejado um dia antes e seguiu uma espécie de ritual elaborado pelos amigos. O delegado Marcos Gomes explicou que eles escolheram fazer tudo dentro do carro de Jeferson Rodrigues e escolheram uma música que falava sobre homicídio para tocar durante uma conversa entre eles.

No meio da música, Jeferson, que dirigia o veículo, estalou os dedos. Esse era o sinal para que Ariane fosse morta.

O delegado contou como o grupo se organizou:

  • Jeferson ficou responsável por levar o carro, forrar o porta-malas com sacos de lixo (para levar o corpo até o local onde ele seria deixado) e levou duas facas;
  • Segundo o delegado, primeiro Enzo enforcou a vítima, depois ela foi esfaqueada;
  • As investigações apontaram que, em seguida, o corpo foi colocado no porta-malas e deixado em uma mata - Jeferson foi flagrado caminhando pela região na noite do crime.
  • Ainda de acordo com a polícia, o grupo saiu para lanchar logo após o crime e continuou convivendo normalmente, inclusive fazendo publicações em redes sociais.

Em julho deste ano, exames psicológicos feitos nos acusados descartaram o quadro de insanidade mental. Pelo contrário, os psicólogos e psiquiatras da junta médica do Tribunal de Justiça de Goiás esclareceram que eles são capazes de entender os próprios atos.

 

Com informações G1.