Alunos suspeitos de fraude em curso de medicina alegam que pagaram por 'consultoria': 'Não sabia que era ilícito'

Ao todo, 19 estudantes foram presos e tiveram as matrículas canceladas na universidade. Polícia investiga se fraudes custavam até R$ 80 mil.

Alunos suspeitos de fraude em curso de medicina alegam que pagaram por 'consultoria': 'Não sabia que era ilícito'

Alunos que foram presos suspeitos de fraude em curso de medicina em Goiás alegam que pagaram por uma “consultoria” e não sabiam que a transferência de universidades do exterior para uma brasileira seria feita de maneira irregular. Ao todo, 19 estudantes matriculados na Universidade de Rio Verde (UniRV) estão detidos. A instituição foi quem informou a polícia dos crimes e disse que expulsou os envolvidos.

“Não sabia que era ilícito. Não sabia que ia passar por uma situação dessas. A partir do momento que você acredita que você está fazendo uma mentoria, uma consultoria, você acredita que estava tudo certo. Você vê seu nome aprovado em faculdades e você pensa que está tudo certo”, disse um estudante de 30 anos.

O g1 tenta identificar as defesas dos 19 estudantes presos.

O investigado contou que fazia o curso de medicina no Paraguai há cinco anos. Ele contou que se sentia inseguro na cidade onde morava devido à violência, e foi abordado por uma pessoa oferecendo uma espécie de consultoria para fazer a transferência de universidade para o Brasil.

“Tem muitas pessoas que te oferecem para voltar para o Brasil. Eles oferecem uma consultoria para você ir embora para o Brasil. Eu paguei R$ 60 mil. E é nessa que a gente fica doido para sair de lá, morar com a família e acaba caindo nesses golpes”, contou.

Ele alega que só começou a desconfiar que a transferência pudesse ser irregular quando chegou a documentação para a transferência para a faculdade goiana. “Você vê que tinham algumas coisas erradas, mas você já tinha pago, estava a um dia para entregar tudo, é seu sonho, sua chance, então você faz. Mas estou totalmente arrependido”, completou.

LEIA TAMBÉM

Estudantes são presos suspeitos de fraude para entrar em curso de medicina — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Um outro aluno contou que cursava medicina na Bolívia desde 2018 e também foi abordado por pessoas oferecendo uma “consultoria” para transferir o curso para o Brasil. Eles usavam até a pandemia de Covid-19 como argumento para dar a sensação de legalidade, segundo o investigado.

“Quando é oferecido a compra de vagas, a gente nunca teria interesse, até porque a gente saberia que tinha algo ilícito. Mas eles enfatizavam muito essa questão de ter muitas vagas, que por conta da pandemia muitas faculdades abriram a oportunidade para pessoas que estavam estudando fora”, disse.

O suspeito disse que pagou R$ 40 mil e que todas as informações sobre o processo eram passadas por aplicativos de mensagens. Quando a documentação chegou, o estudante conta que chegou a entrar no site da faculdade para checar as informações, como nome do reitor, carimbo e selos, e o material parecia ser original.

Vídeo mostra prisão de estudantes suspeitos de fraudes em curso de medicina

Vídeo mostra prisão de estudantes suspeitos de fraudes em curso de medicina

 

Prisão

 

Os 19 estudantes foram presos na quarta-feira (27). Alguns deles

já faziam medicina fora do país. Outros eram formados em áreas da saúde como fisioterapia e enfermagem. Há também casos de estudantes que não tinha começado nenhuma faculdade.

A investigação levantou que quatro estudantes são da mesma família, sendo uma mulher, seus dois filhos e seu irmão.

Alguns dos estudantes entraram já nos períodos finais da graduação e faziam atendimento à população.

Em audiência de custódia na quinta-feira (28), a Justiça manteve a prisão dos 19 estudantes suspeitos de fraudar a transferência.

Via g1 Goiás.